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Caca!

Fazia tempo que não parava em uma banca de jornais no domingo pela manhã. Ontem, consegui cumprir este ritual e dei de cara com a revista CartaCapital. Lá estava Kaká e ao seu lado a chamada da matéria de capa: A fé e a grana (confira na íntegra). On line a revista faz uma enquete com as seguintes alternativas:
O que você acha de Kaká doar cerca de 2 milhões de reais à igreja Renascer?
- Natural, já que é o costume dos fiéis da igreja em questão;
- O dinheiro é dele, ele faz o que quiser;
- Ele está sendo enganado pelos dirigentes de sua igreja;
- Ele encurtaria seu caminho para o céu se doasse o dinheiro para instituições de caridade.
A autoria da matéria é do italiano Paolo Manzo, que escreveu o livro Lula, o Presidente dos Pobres e é considerado um especialista em América Latina. Li a matéria e, jornalisticamente, a matéria tem um tom editorialista, mesma razão pela qual a revista Veja é tanto criticada. Claro que isso não é motivo para deixar de lado a situação complicada em que se encontra o jogador Kaká, graças ao seu envolvimento direto, público e notório com os líderes da Renascer.
Essencialmente, a reportagem é baseada em um documento enviado em setembro de 2007 pela Justiça brasileira para a italiana. Porém, não diz quando o documento chegou na Justiça italiana e qual o trâmite dela (provavelmente trata-se de uma carta rogatória) dentro do Tribunal de Justiça (tradução, autuação, intimação, pauta de audiências, etc.). O jornalista também não deu voz ao principal envolvido e não menciona que tenha havido alguma recusa por parte dele em dar entrevista. Pelo contrário, dá voz à sogra do jogador, que coloca mais lenha na fogueira. Na minha opinião, foi um gol contra da CartaCapital, reproduzido pelos maiores jornais do país neste domingo. Aliás, bola fora também de Folha e Estado, que apenas esquentaram a matéria, reproduzindo trechos da revista. sem nada investigar ou acrescentar.
Por outro lado, é importante observar que nunca veio a público alguma postura anti-ética de Kaká em sua vida particular ou profissional. Até mesmo a Veja admite. Ele é um ídolo dos amantes de futebol e das mulheres. Ainda assim, concordo que Kaká deveria se posicionar melhor diante de tudo que tem vindo à tona sobre os bastidores da Renascer. E, como muitas vezes se alega, não se trata de mera acusação, já que o casal cumpre pena nos EUA. Depois que tudo terminar por lá, ainda terão muito a esclarecer aqui no Brasil. Resta ver se a Justiça brasileira conseguirá ser tão eficaz conto a estadunidense.

Direto da Olivetti
Passeando pelo site da CartaCapital, achei o interessante Blog do Mino. Mesmo quem não gosta do estilo do jornalista tem que admitir que ele é um personagem importante na história do jornalismo brasileiro.

Foto e realidade
No último dia 4 escrevi sobre uma polêmica levantada pela ARFOC e, neste domingo, a Folha de S. Paulo, ou melhor, o Ombudsman da FSP (que, na minha opinião, é uma instância separada da empresa - e por isso mesmo, importantíssima), esclareceu o que aconteceu. Em resumo: uma grande mancada dos fotógrafos. A Folha só libera o texto para assinantes, mas achei a reprodução do texto no Blog do Professor PC:

O mistério da foto a quatro mãos
Mário Magalhães

É um direito dos leitores, que a ética deve preservar, conhecer a autoria verdadeira dos trabalhos jornalísticos.

DESCOBRI-ME em apuros ao garimpar uma fotografia do incêndio no Hospital das Clínicas para a última coluna de 2007. Como as imagens eram fracas, em estética e informação, encomendei uma ilustração à editoria de Arte.
Na terça passada, a Folha revelou que um grupo de pesquisadores diagnosticou não ser de Jean-Baptiste Debret (1768-1848) um quadro do Masp atribuído ao francês.
As fotos do HC publicadas pelo jornal em 26 de dezembro, que já não eram nenhuma pintura, exibiam idêntico problema: autoria duvidosa. A que saiu na primeira página ganhou o crédito "Oslaim Brito/Folha Imagem". Era igual à editada na mesma data pelo "Jornal da Tarde", do Grupo Estado, concorrente da Folha. No "JT", o autor era "Alberto Takaoka/AE/FotoRepórter".

Cotidiano imprimiu na capa a imagem de uma paciente carregada. Era parecidíssima com uma que saiu em "O Estado de S. Paulo". Nova incerteza: obra de Brito na Folha, de Takaoka no "Estado".

A Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de São Paulo (Arfoc-SP) resolveu investigar. Em 3 de janeiro, seu site cobrou os fotógrafos e emendou: "Cabem também explicações por parte dos jornais [Folha e "JT" sobre] como essa incrível "coincidência" ocorreu".
Leitores me alertaram. Recebi do editor de Fotografia de "Estado" e "JT", Juca Varella, cópia do seu relatório endereçado à Arfoc-SP. Demolidor com os repórteres fotográficos, Varella sustenta que Takaoka ("aspirante ingênuo") fez as fotos creditadas a Brito ("macaco velho ganancioso").

Ambos são free-lancers, sem contrato com os jornais. O primeiro teria topado ceder fotografias ao segundo. Para o editor, foram "cúmplices". Varella anexou uma espécie de certificado digital da foto mais controversa: sua origem é a máquina de Takaoka.
Telefonei para Oslaim Brito, que reconheceu não serem suas as fotos da primeira página da Folha e da capa de Cotidiano (uma saiu no "Agora", diário do Grupo Folha).
Ele colabora com o jornal desde 2004. Contou que chegou ao HC por volta das 23h40 do dia 24. Lá, Takaoka lhe teria presenteado com todas as suas fotos para vender à Folha com o "copyright" de Brito. Dia 25, contudo, o colega teria entregue algumas para o "Estado"/"JT" -uma duplicada.

"Nós tínhamos feito um acordo", diz Brito, que não identifica no expediente desonestidade intelectual ou ofensa ao direito autoral: "O leitor em geral não quer saber disso. Ele está preocupado com isso? (...) A nossa preocupação maior não foi o lance da ética".
Por e-mail, Takaoka narrou que estava no HC pelas 22h30. Na manhã seguinte, acompanhava a mulher, internada em outro hospital. Brito teria surgido e se "oferecido para enviar as fotos à mídia". "Em contrapartida, ele me pediu que lhe cedesse as vantagens de algumas imagens que seriam enviadas exclusivamente" a uma outra publicação. "Mostrei as imagens que eu iria utilizar e o deixei enviando-as de meu notebook."

Takaoka não nega ter topado que fotos suas ancorassem crédito alheio. O condenável seria Brito exagerar. Brito diz que a editoria de Fotografia da Folha soube por ele da jogada logo após a publicação e se "chateou". O jornal só começou a apurar o fato com rigor anteontem, 16 dias depois do desastre.

A Secretaria de Redação afirma que a Folha "foi induzida ao erro pelo fotógrafo [Brito], que publicará a correção [hoje] e que ele não será mais colaborador do jornal". O Grupo Estado, que não publicou crédito falso, foi muito mais ágil na investigação.

É direito dos leitores, que a ética deve preservar, conhecer a autoria verdadeira dos trabalhos jornalísticos.

"Esse caso é um grande retrocesso na luta para moralizar o direto autoral", lamenta o presidente da Arfoc-SP, Rubens Chiri. "O grande problema hoje é a impunidade."

2 Opiniões:

Marco Alcantara disse...
15/1/08 6:44 AM

2 milhões é muita grana.

E mesmo assim se fossem 3 reais e duas balas 7 belo ainda acharia que é compactuar com uma causa podre.

Anônimo disse...
21/1/08 11:56 AM

Muito interessante o que está acontecendo. Mas pela falta de conhecimento de alguns é que somos injustiçados (nós os servos de Deus).
DÍZIMO= décima parte (10%) dos rendimentos (é o que todo servo fiel de Deus que lê a bíblia deve dar). Suponhamos que ele tenha aproximadamente R$ 1.500.000,00 /mês de rendimentos então seu dízimo será de R$150.000,00 /mês, multiplicando por 12 teremos R$ 1.800.000,00 somando com as ofertas que ele dá todo culto...Mas isso é normal o próprio Jesus falou que seríamos injustiçados e caluniados. Detalhe, acho que todo mundo pensa que quem vai na igreja não pode ser rico... Eu faço a minha parte para com Deus!!!


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