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Ombudsman

Esse nome complicado esconde uma função muito importante - quando exercida com liberdade - e que deveria ser muito mais valorizada do que o é atualmente.
A palavra ombudsman deriva do sueco e quer dizer representante (do cidadão). Aliás, foi na Suécia que esse tipo de cargo surgiu, no início do século XIX, como uma espécie de agente parlamentar para limitar os poderes do rei.
Porém, essa função tornou-se mais popular quando o cargo passou existir na imprensa estadunidense, nos anos 1960, primeiramente no Louisville Corrier Journal. Se você quiser saber um pouco sobre a história dessa função, confira a monografia de Luis Erbes.
Dentro das redações, o ombudsman teria como função representar os leitores dentro do jornal ou instituição, criticando-a em seus aspectos positivos e negativos. Por isso mesmo, para exercer essa função as empresas devem garantir a estabilidade do profissional, durante e por um período após o encerramento do mandato.
No Brasil, o jornal Folha de S. Paulo foi o primeiro a criar a figura do ombudsman, em 24 de setembro de 89. Com uma coluna dominical, Caio Túlio Costa foi o primeiro jornalista a exercer essa função. Posteriormente, com o crescimento da Internet, o ombudsman também contou com esse mecanismo para expor suas críticas, além daquela impressa semanalmente.
Na Folha, inicialmente o mandato era de um ano, com a possibilidade de apenas uma única renovação de mais um ano e, atualmente, pode-se renovar duas vezes, período em que o profissional não pode ser demitido. Depois de deixar a função a estabilidade é de seis meses.
Com este histórico de pioneirismo, é de se estranhar as notícias sobre a não renovação após o fim do mandato de Mário Magalhães. Eu deixei de assinar a Folha há um bom tempo, mas gostava de comprar a edição de domingo, especialmente para ler o que o ombudsman escrevia. Acho que, de todos que já exerceram esta função, ele foi o que melhor desempenhou seu papel, nessas quase duas décadas (e oito ombudsmen).
Convido você a ler os artigos abaixo e também a deixar um comentário com a sua opinião.

- Despedida, por Mário Magalhães (FSP). Destaco:
A Folha condicionou minha permanência ao fim da circulação na internet das críticas diárias do ombudsman. A reivindicação me foi apresentada há meses. Não concordei. Diante do impasse, deixo o posto. Oitavo jornalista a ocupar a função, torno-me o segundo a não prosseguir por mais um ano. Todos foram convidados a ficar. Sou o primeiro a ter como exigência, para renovar, o retrocesso na transparência do seu trabalho.
(...)
A partir de agora, os comentários produzidos pelo ombudsman durante a semana só poderão ser conhecidos por audiência restrita, de funcionários do jornal e da empresa, que os recebe por correio eletrônico. Os leitores perdem o direito. (Leia na íntegra)
- A crítica da mídia é uma missão maldita, por Alberto Dines (Observatório da Imprensa)
No caso da descontinuidade do mandato do ouvidor Mário Magalhães, a Folha de S.Paulo errou. E errou porque em alguns momentos, influenciada por imponderáveis conjugações dos astros, o mais ousado dos nossos jornalões age como se estivesse acima do bem e do mal, ungido pelos deuses. (Leia na íntegra)
- A estranha despedida do ombudsman, por Luiz Antonio Magalhães
Mário Magalhães foi talvez o ombudsman que melhor encarnou a idéia de defensor dos leitores. A crítica do jornalista, especialmente a interna, vinha expondo o jornal muitas vezes ao ridículo, como ocorria com a cobrança pela correção dos erros cometidos, apontados à exaustão, dia sim, outro também. Este, porém, nem é o aspecto mais relevante. Importante mesmo é que Magalhães abordou com pertinência e uma certa insistência algo que poucos ouvidores tiveram a coragem de abordar: a relação do jornal com certos políticos e a editorialização da cobertura política. (Leia na íntegra)

Atenção: A partir de agora, a Capa da Semana será publicada às sextas-feiras.

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