Na época do meu nascimento, minha vó já havia mudado para a rua paralela à antiga rua Triste, que, antes de receber o nome de Brigadeiro Tobias, chamava-se rua Alegre. O apartamento - onde ela mora até hoje - tem vista para avenida Tiradentes. Dali, assisti às diversas transformações da avenida, do vale do Anhangabaú e do entorno. Lembro-me quando, todo dia 7 de setembro, próximo ao batalhão da ROTA, a avenida era fechada e eram montadas arquibancadas para assistir o desfile do Dia da Pátria. Anualmente lá estava eu, empunhando uma bandeirinha brasileira. Também era dia de colocar uma fita verde e amarela no carro.
Hoje, o vale do Anhangabaú está sobre um túnel. Aliás, lembro do chamado "Buraco do Adhemar", uma passagem de nível que em 1995 virou Passagem Subterrânea Tom Jobim e passa embaixo da avenida Senador Queiroz. E, em 1990 foram terminadas as obras do Túnel Vale do Anhangabaú (0,5 Km). E pensar que no século XVII, as águas do Anhangabaú eram usadas para tomar banho e também lavar roupas. Águas hoje canalizadas, mas cujas nascentes estão ao ar livre, entre a Vila Mariana e o Paraíso, e desaguam no rio Tamanduateí. Confira algumas fotos antigas da região:



Fotos: Skyscrapercity, Werner Haberkorn, "Retrato do Brasil"(editada em 1968, com fotos raras dos anos 60) e
"Passagem Anhangabaú" (pintura, 1982, Gregório Gruber)
Bom, o que me levou a essa viagem ao passado foi a reinauguração da agência central dos Correios, nesta semana. Era outro dos lugares que eu freqüentei na minha infância, no centro de São Paulo.O prédio foi inaugurado em 1922, durante as comemorações do Centenário da Independência, no Vale do Anhangabaú. O projeto foi encomendado ao escritório do arquiteto Ramos de Azevedo e executado por Domiziano Rossi. Após sua morte, a obra foi finalizada por Felisberto Ranzini. Graças ao prédio, até hoje a Praça Pedro Lessa é mais conhecida como "Praça do Correio".
O escritório Una Arquitetos venceu o Concurso Nacional de Arquitetura com um projeto de restauração do edifício e as reformas (foto minha em 2005 - ao lado) começaram em novembro de 2004, consumindo R$ 19 milhões e agora, o térreo do edifício abrigará a maior agência do Brasil, com quase cinco mil metros quadrados. No mezanino funcionará a Assessoria Filatélica. Já o prometido Centro Cultural, com salas de teatro, cinema, exposições e eventos ainda não foi concretizado. A previsão para a segunda etapa do projeto é de um custo de mais de R$ 40 milhões. Durante a execução da obra, surgiram algumas denúncias de irregularidades.
Retratos & Reflexos
Amanhã acaba a exposição Yoko Ono – Uma Retrospectiva, que apresenta uma coletânea de trabalhos desde o início da sua carreira, nos anos 50, até os dias de hoje. Foi lá que tirei uma foto da instalação Half-A-Room, a primeira que foi financiada por John Lennon, depois que, em 1966, ele se surpreendeu com Ceiling Painting, uma instalação com uma escada que leva o visitante até um vidro no teto, onde há com uma lupa é possível ler a palavra "Yes!".
Half-A-Room traz um quarto de casal completamente branco, com a mobília, também branca, cortada ao meio. Segundo Ono, a inspiração veio da sensação de "estar pela metade" em um dia que ela acordou e notou que Anthony Cox, seu (agora ex-)marido, não estava lá.
A exposição vai até amanhã, das 9h às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - São Paulo. Entrada gratuita. Informações: (11) 3113-3651 / 3113-3652.























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