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Shabbath

Enfim, sábado. Na cultura judaica, o Shabbath começa no pôr-do-sol de cada sexta-feira e é baseado no descanso divino após os seis dias da criação. A cultura cristã fez do domingo o seu dia do descanso, pois seria o dia da ressurreição de Cristo. Porém, as duas culturas celebram seu descanso de formas diferentes. Enquanto os judeus privam-se (leia mais) e fazem deste tempo uma pausa para reflexão espiritual e descanso físico, parece que os cristãos não se empenham em descansar nesse período. Igrejas promovem mais e mais atividades. Enquanto isso, em um país onde supõe-se haver uma maioria católica, o legislativo aprova o trabalho do comércio aos domingos, principalmente quando se aproximam datas festivas comerciais, como Dia das Mães ou Natal.
Tudo isso nos faz refletir o quanto o ser humano tem medo de ficar só, em silêncio, o que podemos chamar de solitude. O medo da solidão, do vazio criado quando nos aquietamos e começamos a conhecer nosso interior. Para fugir do silêncio, colocamos uma música alta, ligamos a televisão, saímos às compras ou para comer fora. O judeu não se sente privado de prazeres, mas também não destina esse dia para viajar e curtir a vida. O dia é para reflexão. Algo cada vez mais difícil em uma sociedade consumista. Um exemplo claro disso é o local preferido para passeio aos finais de semana, pelo menos nas grandes metrópoles, o templo do consumo, o shopping center.
Minha intenção não é criar ou exaltar um ritual. Seu shabbath pode ser no sábado, no domingo, ou até mesmo na quarta-feira. Minha intenção é chamar a atenção para a necessidade que temos de parar um pouco. Esse é significado literal da palavra shabbath: descansar, cessar, parar. Será que conseguimos sobreviver ao silêncio e à reflexão?

Jornalismo
Essa semana foi atípica, mais corrida do que o normal e não consegui escrever o post "De Quinta", sobre jornalismo. Escrevo hoje. Temas não faltavam. Talvez o principal seria a constatação do óbvio, ou seja, que vários políticos estão diretamente ligados à emissoras de rádio e televisão, que são concessões públicas.
Aliás, este é um debate que não é colocado ao público. As concessões comerciais de rádio têm duração de 10 anos, enquanto na TV o prazo é de 15 anos. Vencido este período, as concessões podem ou não ser renovadas, o que, na prática, não acontece, pois a renovação tem sido automática - não há conhecimento de alguma concessão não tenha sido renovada.
Também não há um processo amplo, transparente e democrático para discutir, em sociedade, a renovação ou a atuação dos meios de comunicação. Talvez porque alguns preceitos não sejam obedecidos. Por exemplo: a Constituição estabelece que nenhum parlamentar pode ter relação direta com empresa concessionária pública. Em relação ao conteúdo, a Constituição também é diariamente violada. O artigo 221 estabelece os princípios norteadores da programação das emissoras de rádio e televisão:
A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
É possível ler mais sobre o aspecto jurídico da concessão no site Jus Navigandi. Por outro lado há um movimento, nascido na Câmara dos Deputados, que visa a "democracia e transparência nas concessões públicas", além da convocação de uma Conferência Nacional de Comunicação, com a finalidade de "estabelecer mecanismos democráticos de formulação, monitoramento e acompanhamento das políticas públicas para o setor". A idéia, a princípio, é boa. Vamos ver se sai do papel e do mundo das idéias.

Capa da Semana
A capa de hoje vai para o jornal estadunidense The Patriot Ledger, sobre o feriado do Dia de Ação de Graças, comemorado na última quinta-feira (22/11), nos EUA.

1 Opiniões:

Pablo Ramada disse...
26/11/07 1:42 PM

Amigo vc acertou mesmo sobre o descanso, quanto mais queremso menos descansamos e usufruimos o que conseguimos.

É preciso pausar!


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