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Jornalista britânico é preso em Pequim por cobrir protesto
John Ray foi levado por policiais chineses durante manifestação que pedia a independência do Tibete
Cláudia Trevisan, de O Estado de S. Paulo

PEQUIM - Policiais chineses prenderam nesta quarta-feira, 13, o jornalista inglês John Ray, da Independent Television News, quando ele cobria o protesto de oito pessoas pela independência do Tibete, realizado nas proximidades do Ninho de Pássaros, o principal estádio da Olimpíada de Pequim. Ray já foi solto, segundo a Embaixada Britânica.
O governo chinês também intensificou a repressão aos ativistas que pretendiam utilizar uma das três áreas da capital chinesa escolhidas como "zonas de protestos" pelas autoridades. Em tese, as demonstrações nesses locais poderiam ocorrer, desde que houvesse prévia permissão oficial.
Segundo a entidade Human Rights Watch, a polícia prendeu na segunda-feira Ji Sizun, um chinês da província de Fujian que havia pedido permissão para realizar manifestação em um dos locais delimitados para esta finalidade.
Ji Sizun apresentou sua solicitação no dia 8 de agosto e disse que seu objetivo era defender a maior participação dos cidadãos nos processos decisórios do país e denunciar a corrupção e o abuso de poder por membros do Partido Comunista. Quando voltou no dia 11 para verificar o andamento do pedido, Ji Sizun foi preso e estava incomunicável até esta quarta, de acordo com a Human Rights Watch.
O jornalista John Ray foi agarrado por policiais quando cobria um protesto organizado pela entidade Students for a Free Tibet. Atirado no chão e arrastado até uma van, Ray teve seu equipamento confiscado e foi filmado pela polícia.
"O Clube de Correspondentes Estrangeiros da China está horrorizado com a detenção e tratamento brutal de John Ray, um jornalista credenciado, a menos de um quilômetro do principal Estádio Olímpico. Nós exigimos que as autoridades devolvam seu equipamento, apresentem um pedido de desculpas e investiguem a possível ação ilegal e abuso de autoridade por parte da polícia", disse em nota o presidente da entidade, Jonathan Watts.
Os sete norte-americanos e um japonês que participavam do protesto também foram presos e devem ser deportados. Na semana passada, a Students for a Free Tibet já havia organizado uma manifestação nas imediações do Ninho de Pássaros. No domingo, o local escolhido foi a emblemática praça Tiananmen, no coração de Pequim. Todos os participantes das manifestações eram estrangeiros e foram deportados.
Antes da prisão de Ray, o clube de correspondentes já havia registrado cinco episódios de interferência indevida da polícia no trabalho de jornalistas na China apenas no período de 7 a 12 de agosto. Entre as promessas que Pequim apresentou para ganhar a disputa pela Olimpíada de 2008, estava a garantia de liberdade de atuação dos jornalistas, que está longe de ser cumprida.
Também não saiu do papel o anúncio de que a capital teria três "zonas de protestos" que poderiam ser utilizadas por eventuais críticos do governo. Ninguém teve sucesso até agora nos pedidos de autorização e alguns nem sequer conseguiram apresentá-los.
Além de Ji Sizun, a Human Rights Watch identificou outros quatro casos de pessoas que foram presas ou perseguidas pela polícia antes ou depois de terem apresentado pedidos de autorização para realizar manifestações nos locais pré-determinados pelo governo.
A criação de três "zonas de protestos" na capital chinesa foi anunciada no dia 23 de julho pelo diretor de segurança do Comitê Organizador da Olimpíada de Pequim, Liu Shaowu.
"Ninguém deve confundir a falta de protestos com a falta de queixas", afirmou Sophie Richardson, diretora da Human Rights Watch para a Ásia. "A detenção e perseguição daqueles que tentaram acreditar nas palavras do governo mostram até onde as autoridades irão para evitar que as pessoas expressem de maneira pacífica as suas opiniões."

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