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Diversão & Arte

Desde ontem estive pensando na dificuldade que o chamado "cristão" tem em se divertir de uma forma sadia, compartilhar uma boa amizade, sem buscar nada em troca a não ser estar junto e, com isso, compartilhar alegrias e dissabores, refletir sobre coisas sérias e rir de coisas banais. Seja repartindo um espresso em uma cafeteria, um chopp em um boteco ou um vinho na casa dos amigos.
São tantos estereótipos, tantas regras (na verdade poucas delas bíblicas), tantas normas e tantas preocupações com "o que os outros vão pensar" que, muitas vezes, viver de forma "cristã" traz uma série de nóias, paranóias e culpas, fazendo com que a pessoa perca o valor das coisas simples e também com que até desaprenda a viver em sociedade, só sub-existindo dentro do habitat eclesiástico, com aqueles que (acham que) pensam da mesma forma, agem do mesmo jeito, como em uma pré-programação, tudo muito previsível. O homos cristianiens passa, então, a desenvolver uma nova língua (teologês), falar sobre os mesmos assuntos, ouvir o mesmo tipo de música e reagir com a mesma frieza e horror para aquilo que vem "do mundo". E, como afirma Manning, "numa religião legalista, a tendência é desconfiar de Deus, desconfiar dos outros e, conseqüentemente, desconfiar de nós mesmos".
Penso que talvez não tenhamos apenas um grande crise na produção artística cristã (literatura, música, artes plásticas, etc), mas sim um grande defeito no receptor da arte, que não consegue, ao menos, divertir-se com o que é bom e belo, com o irônico, com o engraçado, com o imprevisível, com o chocante, com o inquietante, com o frugal. Enfim, nos ensinaram a ter medo de onde nossa emoção possa levar-nos (e a arte mexe com as emoções), então precisamos mantê-la no mais absoluto controle
Don Miller escreve algo interessante, no livro "Through painted deserts" (Fé em Deus e Pé na Tábua):
"(...) só acho que é como se Deus tivesse nos colocado aqui para desfrutar dele, e ele nos deu livre arbítrio, então às vezes é difícil porque as pessoas usam o livre arbítrio de forma egoísta. Mas também acho que ele nos criou para desfrutar dele, que ele é amor e odiaria ver você se afastar disso. Quer dizer, se ele é mesmo amor e tudo mais".

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