RELIGIÃO, RÁDIO E TV
Sobre pastores e astrólogos
Por Ulisses Capozzoli em 15/08/2011 na edição 655Num seminário recente, no Rio, ouvi o relato de um dos componentes da mesa sobre a reação de parte de crianças à ideia de o universo ter a idade aproximada de 14 bilhões de anos, informação que os jornais divulgam quase diariamente. Essas crianças, que frequentam determinado espaço dedicado à ciência – influenciadas pelo criacionismo e interpretações fundamentalistas religiosas do mundo – segundo o palestrante, sorriem com desdém sobre a científica idade do cosmos.
Isso significa que, antes de estarem criticamente maduras para uma apreciação sensível, inteligente e promissora da natureza, estão mentalmente dominadas pelo dogmatismo de fundo religioso que ameaça retroceder o pensamento a uma repugnante idade das trevas. E o mais desconcertante: o palestrante diz que “respeita esse tipo de interpretação”.
Isso não seria paradoxal se, um par de minutos depois, ele não exibisse uma arte das constelações zodiacais e, em seguida, fizesse provocativas críticas à astrologia. A questão aqui é a seguinte: se ele aceita ideias arcaicas e sem sentido, promessas despudoradamente falsas e “milagres” deslavadamente mentirosos que uma legião de “pastores” propaga diuturnamente em programas de rádio e TV, por que criar caso com a astrologia?
A resposta, a meu ver, é simples e direta: covardia e ausência de integridade científica. Não estou acusando uma pessoa em particular – isso não faria sentido. Estou me referindo a uma tendência, visível a olho nu, de se “respeitar” farsas que são verdadeiros casos de polícia, envolvendo estelionato, entre outros crimes, mas ao mesmo tempo não perdoar astrólogos. (Leia na íntegra)
Capa(s) da Semana
A vitória que levou a seleção brasileira à final da Copa sub-20 na quarta-feira à noite, foi destaque em praticamente todos os jornais mexicanos, mesmo com o time local derrotado, a exemplo do Reforma:
No Brasil, então, a mesma coisa aconteceu, não é? Errado. Em consulta ao Newseum, só um jornal tupiniquim deu grande destaque na primeira página: O Diário do Pará (abaixo). Será que estamos virando um país sério, onde a preocupação maior é a política, economia e a sociedade? Não sei porque, mas lembrei de uma antiga música, que dizia: "Sonho meu, sonho meu"...
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