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"Não furtarás!"

Esse final de semana tivemos um tempo bem reflexivo no Projeto Raízes, como há tempos eu não via. Foi impactante a indignação pessoal do meu amigo Wilson Tonioli, que pintou o rosto de vermelho e, espontaneamente foi à frente expor sua vergonha pelos cristãos que têm se mantido calados frente à onda de imoralidade dentro daquilo que deveria ser chamado Reino de Deus. Como nada é por acaso, o presbítero Wilson Marques trouxe uma reflexão muito dura sobre um dos dez mandamentos, localizado em Êxodo 20.15.
Nunca tinha parado para refletir no lado "jurídico" deste versículo. É interessante que ele não nos diz "não roubarás", mas sim "não furtarás". A diferença é sutil. A grosso modo, o roubo pressupõe a presença da vítima e até o uso de violência. O furto é ardiloso, calculado, pelas costas. A palavra deste domingo nos chamou a atenção não só ao furto de coisas materiais (um carro, um objeto de valor, o Fisco, etc.), mas também ao furto de coisas intangíveis, como o furto da imagem de uma pessoa, quando espalhamos intriga em nosso meio; o furto do amor, quando deixamos de nos doar, sem esperar nada em troca; e tantos outros pequenos furtos, sorrateiros, que nos tornam cada vez mais egoístas, mesquinhos e auto-suficientes.
Um tempo atrás, na época das eleições, chamei a atenção ao quanto falamos dos grandes atos de corrupção e omitimos nossos "pequenos atos de desvio de conduta". Em tudo isso, para mim duas coisas ficaram claras:

Primeiro - Precisamos nos indignar com aqueles que usam o nome de Deus, enganam o povo em troca de algo que não podem dar e se enriquecem de bens materiais, furtando a esperança e a espiritualidade do povo;

Segundo - Precisamos nos auto-indignar, buscando em nossas atitudes aquilo que temos deixado de fazer, que não nos revela como cidadãos do Reino ou parando de fazer aquilo que envergonha e afasta as pessoas do verdadeiro Reino de Deus, um Reino de Justiça, Paz e Amor.

A estatística nos indigna. Se, supostamente, o número de evangélicos cresce assustadoramente, que tipo de Evangelho tem sido vivido? Só um "evangelho light" da moda? É só mais uma "tribo urbana" que surgiu para curtir uma boa música e sair prá balada com uma turma legal? Onde estará o Evangelho baseado no arrependimento, no perdão, no amor ao próximo, no serviço e não no "ser servido"? Infelizmente, não é isso que vimos no nosso dia-a-dia, principalmente em uma cidade como São Paulo, onde tropeçamos, a cada esquina, em um ser humano abandonado e jogado na sarjeta, em crianças roubando e se drogando, em pessoas que não tem respeito ao próximo no trânsito, nos transportes públicos, nos negócios.
Não podemos perder nossa capacidade de nos indignar, precisamos nos inconformar com a situação, precisamos gritar!

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