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Torcer... Para o quê???

Não quero parecer pessimista. Já escrevi que não tenho nada contra os jogos de futebol em geral, muito menos em relação ao clima de torcida generalizada que a Copa do Mundo produz. Minha ressalva é que, nestes momentos, a ficção não deveria roubar todo o espaço da realidade.
Só em termos de Brasil, a fome assola muitas famílias, outras tantas não tem um teto para morar ou uma terra cultivar. Alguns têm o teto, mas não têm emprego para garantir a sobrevivência familiar.
Por outro lado, a imprensa omite, dissimula, engana. Faz estardalhaço em cima do nada e não investiga, não critica, nem expõe as mazelas dos três Poderes: Judiciário, Legislativo e Executivo.
Enquanto, isso, a gente vai levando.
Hoje, enquanto vinha para casa - mais cedo, graças ao jogo de estréia do Brasil na Copa - pensava que nosso país ainda está na pré-adolescência, amadurecendo. São quinhentos anos, contra mais de dois mil anos de alguns ou mais de cinco mil anos de outros. E, se formos analisar criteriosamente, estes não são tão perfeitos assim.
China viveu uma expansão demográfica desenfreada e enfrenta um regime autoritário. França, que já exportou os ideais de "Liberté, Igualité, Fraternité" não sabe o que fazer com seus imigrantes, muitos originados das relações espúrias entre suas ex-colônias. Os Estados Unidos também vivem uma xenofobia sem limites, embora seja o Eldorado escolhido por muitos latinos.
Ou seja, alguma coisa está fora de ordem, não é? Nesses momentos me vem a mente um pensamento de Jesus Cristo: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua Justiça, e as demais coisas serão acrescentadas".
Uma coisa que me chama a atenção, principalmente com tantas campanhas pela Paz, é que nesta idéia, a Justiça trará a Paz e não o contrário. Ou seja, a busca pela Paz pode ser infrutífera, pois ela consequência (e não causa) da Justiça.
Desta forma, como pensar em Justiça, quando há uma crise ética em todos os níveis da sociedade? Seja do consumidor que "furta" uma mercadoria no supermercado mesmo sem ter necessidade disso, ou pede desconto a custa da não elaboração de nota fiscal, ou compra mercadoria pirateada, seja do político ou do magistrado que, atende aos seus próprios interesses e não aos interesses públicos, seja da imprensa, que atende prioritariamente aos interesses comerciais e até mesmo políticos, ao invés de representar a sociedade.
Não descarto a necessidade de reforma política, eleitoral, judiciária, social. Mas, nenhuma delas terá valor, se não houver uma reforma ética. E ética não é uma matéria para ser apenas ensinada nas escolas ou faculdade. Ética existe (embora esteja meio escondida) para ser vivida no dia-a-dia.

Bom, prá você não ficar dizendo por aí que eu sou contra torcer pelo Brasil, aqui vai uma foto de parte da minha torcida organizada:

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