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Arte roubada

Falei sobre o livro que trata da jornada espiritual do U2 e gostaria de "provocar" um pouquinho, com alguns textos, dentro da temática artes e igreja. Atenção!!! A minha intenção é provocar a reflexão, ou seja, pode ser que eu não concorde plenamente com todas as idéias abaixo, mas tenho certeza que o debate sobre o assunto seria bastante frutífero, desde que embasado no respeito ao pensamento de cada um.
E, se você tiver som no seu micro, a trilha vem bem a calhar, então aumente o volume!!!

"O U2 tem sofrido nas mãos do 'grande ladrão da arte cristã'. A banda havia sido mal compreendida, difamada e julgada por aquilo que faz, em muitos casos porque a igreja tem pouco interesse ou pouca habilidade em compreender as artes, e raramente tem recebido ajuda de dentro dela para olhar para as artes de maneira crítica. O roubo significa que, por um longo período de quatrocentos anos, os cristãos não têm pensado artisticamente e não têm encorajado os que são criativos no meio deles a desenvolver seus talentos". (p. 98/99)

"A Reforma nos roubou a arte. Quando Martinho Lutero descobriu que poderia ser justificado diante de um Deus santos pela graça de Deus e através da obra de Cristo (Romanos 3.21-26), este foi um momento crucial na história da igreja. Na divisão dentro do catolicismo romano, muitas decisões nos primeiros dias do protestantismo foram tomadas como reação ao rompimento com o catolicismo. Com muitas e boas razões à época, os reformadores reagiram às estátuas de santos, que às vezes substituíam Deus como foco da oração das pessoas. Privar as igrejas de qualquer arte parece ter sido uma resposta bem carente de equilíbrio. Os reformadores mais do que depressa citavam o segundo mandamento (...). O mandamento, no entanto, não proibia arte na igreja. Onze capítulos depois dos mandamentos encontramos que a primeira pessoa a ser descrita na Bíblia como sendo cheia do espírito de Deus é Bezalel, a quem Ele havia dado 'destreza, habilidade e plena capacidade artística' (Êxodo 31.1-11). E ele deve usar estes dons divinamente concedidos para decorar o Lugar Santo da adoração. Hoje, a maioria dos lugares para a adoração não evocam nas pessoas o coração criativo de Deus. As pessoas estão mais propensas a pensar que as igrejas foram roubadas. As artes são periféricas". (p. 100/101)

"Jesus, na verdade, foi muito mais um artista do que um pregador, preferindo histórias para expor a verdade e, às vezes de maneira não muito clara, prometendo aos discípulos que os que tinham ouvido para ouvir ouviriam" (p. 102)

"A ética protestante do trabalho, que também parece ter suas raízes no legado puritano, desprezaram por completo as artes. H. R. Rookmaker, em seu importante livro Modern Art and the Death of Culture, escreve: 'só podemos concluir que os movimentos calvinista e puritano (ao menos do século XVII em diante) não tinha qualquer apreço pelas artes devido à influência mística que sustentava que as artes em si mesmas eram mundanas, profanas e um cristão não deveria ter participação nelas'". (p. 103)


(Textos de: Walk On - A jornada espiritual do U2, de Steve Stockman - Editora W4ENDOnet - http://www.w4editora.com.br)

2 Opiniões:

Anônimo disse...
9/3/07 5:05 PM

Olá Fábio,

a influência do protestantismo foi decisivo nos Estados Unidos.

Max Webber teorizou com competência.

Abraços

Anônimo disse...
16/3/07 12:32 AM

Oi, Fabio.
Primeiro, fico feliz que você gostou do livro...
Cara, não sei se as razões estão todas corretas ou não, embora concorde com a grande maioria das reflexões do Stockman. O que não há como negar é a mediocridade naquilo que tem servido como paradigma da arte cristã, em especial a chamada "gospel", nos dias de hoje.
Citando a música, uma das formas de expressão mais fáceis (será?) de serem compreendidas, é triste verificar como artistas do quilate de um Gerson Borges, Gladir Cabral, sem falar do J.Camargo, N.Bomilcar ou Glauber Plaça são tão ignorados pela neo-igreja...
A gente está na luta prá trazer essa reflexão para a Igreja. Daqui a umas semanas deve sair o livro Cristianismo Criativo? Estão ainda, programados para esse ano: Addicted to Mediocrity do Franky Scheaffer, The Roaring Lambs do Bob Briner, além de uma coletânea de textos do Bomilcar e, quem sabe a publicação da dissertação de mestrado do Camargo...
Bom, vamos ver no que é que vai dar...
Abração


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